3 de junho de 2010

O amor como meio, não como fim

Esse texto não poderia ser mais claro. O amor como posse? como renúncia?
Encontro aqui a quebra do estigma de tantos casais que solitarios vivem em favor de suas renuncias...
Dedico o texto à vespera do 12 de junho. 
Momentos de reflexao para os criticos, que também amam...E para os poetas, que também vivem...

O amor como meio, não como fim, por Flavio Gicovate

- É hora de substituir o ideal romântico do amor que basta em si mesmo (por isso não dura) por uma relação que traga crescimento individual.

                  Há algo de errado na forma como temos vivido nossas relações amorosas. Isso é fácil de ser constatado, pois temos sofrido muito por amor. Se o que anda bem tem que nos fazer felizes, o sofrimento só pode significar que estamos numa rota equivocada. Desde crianças, aprendemos que o amor não deve ser objeto de reflexão e de entendimento racional; que deve ser apenas vivenciado, como uma mágica fascinante que nos faz sentir completos e aconchegados quando estamos ao lado daquela pessoa que se tornou única e especial. Aprendemos que a mágica do amor não pode ser perturbada pela razão, que devemos evitar esse tipo de "contaminação" para podermos usufruir integralmente as delícias dessa emoção - só que não tem dado certo. Vamos tentar, então, o caminho inverso: vamos pensar sobre o tema com sinceridade e coragem.
                   Conclusões novas, quem sabe, nos tragam melhores resultados.
                   Vamos nos deter em apenas uma das idéias que governam nossa visão do amor. Imaginamos sempre que um bom vínculo afetivo significa o fim de todos os nossos problemas. Nosso ideal romântico é assim: duas pessoas se encontram, se encantam uma com a outra, compõem um forte elo, de grande dependência, sentem-se preenchidas e completas e sonham em largar tudo o que fazem para se refugiar em algum oásis e viver inteiramente uma para a outra usufruindo o aconchego de ter achado sua "metade da laranja". Nada parece lhes faltar. Tudo o que antes valorizavam - dinheiro, aparência física, trabalho, posição social etc. - parece não ter mais a menor importância. Tudo o que não diz respeito ao amor se transforma em banalidade, algo supérfluo que agora pode ser descartado sem o menor problema.
                   Sabemos que quem quis levar essas fantasias para a vida prática se deu mal. Com o passar do tempo, percebe-se que uma vida reclusa, sem novos estímulos, somente voltada para a relação amorosa, muito depressa se torna tediosa e desinteressante. Podemos sonhar com o paraíso perdido ou com a volta ao útero, mas não podemos fugir ao fato de que estamos habituados a viver com certos riscos, certos desafios. Sabemos que eles nos deixam em alerta e intrigados; que nos fazem muito bem.
                  De certa forma, a realização do ideal romântico corresponde à negação da vida. Visto por esse ângulo, o amor é a antivida, pois em nome dele abandonamos tudo aquilo que até então era a nossa vida. No primeiro momento até podemos achar que estamos fazendo uma boa troca, mas rapidamente nos aborrecemos com o vazio deixado por essa renúncia à vida. A partir daí, começa a irritação com o ser amado, agora entendido como o causador do tédio, como uma pessoa pouco criativa e desinteressante. O resultado todos conhecemos: o casal rompe e cada um volta à sua vida anterior, levando consigo a impressão de ter falido em seus ideais de vida.
                  Os doentes acham que a saúde é tudo. Os pobres imaginam que o dinheiro lhes traria toda a felicidade sonhada. 
                  Os carentes - isto é, todos nós - acham que o amor é a mágica que dá significado à vida. O que nos falta aparece sempre idealizado, como o elixir da longa vida e da eterna felicidade.
                  Diariamente, porém, a realidade nos mostra que as coisas não são assim, e acho importante aprendermos com ela. Nossas concepções têm de se basear em fatos, nossos projetos têm que estar de acordo com aquilo que costuma dar certo no mundo real. Fantasias e sonhos, ao contrário, têm origem em processos psíquicos ligados à lembranças e frustrações do passado. É importante percebermos que o que poderia ser uma ótima solução aos seis meses de idade, como voltar ao útero materno, será ineficaz e intolerável aos 30 anos. A bicicleta que eu não tive aos 7 anos, por exemplo, não irá resolver nenhum dos meus problemas atuais. É preciso parar de sonhar com soluções que já não nos satisfazem a adaptar nossos sonhos à realidade da condição de vida adulta.
                Se é verdade, então, que o amor nos enche de alegria, vitalidade e coragem - e isso ninguém contesta -, por que não direcionar essa nova energia para ativar ainda mais os projetos nos quais estamos empenhados? Quando amamos e nos sentimos amados por alguém que admiramos e valorizamos, nossa auto-estima cresce, nos sentimos dignos e fortes. Tornamo-nos ousados e capazes de tentar coisas novas, tanto em relação ao mundo exterior como na compreensão da nossa subjetividade. Em vez de ser um fim em si mesmo, o amor deveria funcionar como um meio para o aprimoramento individual, nos curando das frustrações do passado e nos impulsionando para o futuro. Casais que conseguem vivê-lo dessa maneira crescem e evoluem, e sob essa condição seu amor se renova e se revitaliza.

Fonte:

1 de junho de 2010

mudanças de vida e de rumo

Eu,completa
De uns tempos pra cá, muita coisa mudou.
Deletei um monte de gente da minha vida. Tudo sem um pingo de remorso. 

Quem me conhece, sabe que eu nunca fui assim. 
Sempre dei segundas, terceiras e décimas chances pra todo mundo. 
Sempre compreendi os erros alheios. Chorei e sofri junto. 
E passei a mão na cabeça de quem fingia querer o meu bem. Estou mentindo?

A verdade é que, se me analisarem hoje, eu virei outra pessoa. 
Sou quase a mesma de sempre, mas sinto que não sou mais boazinha. 

Minha tolerância acabou, minha intuição fareja à distância uma cabecinha ruim. 

Não tenho raiva de ninguém, mas minha prioridade agora é uma só: eu.

Chega uma hora na vida que a gente tem que parar de ser boa com os outros e ser boa – primeiramente - com a gente. 
Quando o “ajudar ao outro” começa a te prejudicar, chegou a hora de parar.

Desculpem-me, então, os que larguei à deriva.
Eu não vou tolerar ninguém que me faça ter sentimentos que não sejam incríveis
É uma questão de respeito com a minha própria vida. E comigo mesma.

Não quero. Não posso. Não vou. 
Então pra você que acha que eu sou a mesma boba de sempre (que escuta, releva e põe panos quentes), um aviso: tome cuidado comigo.

Porque agora que eu sei o que me é caro, 
Não vou mais deixar barato.
nao, nao é minha tatoo. Maior valor à frase.. 

Loucos e Santos

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. 
Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante. 

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. 

Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. 
Deles não quero resposta, quero meu avesso. 
Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim. 

Para isso, só sendo louco. 
Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças. 

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta
Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. 

Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. 
Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos. 
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. 

Não quero amigos adultos nem chatos. 
Quero-os metade infância e outra metade velhice! 
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. 

Tenho amigos para saber quem eu sou. 
Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.