25 de julho de 2010

Vai...

Poema denúncia. Serás tu também capaz de confessar teu sofrimento perante este mundo?
...


Vai, caminha, fala tudo
Confessa que esta manhã não adormeceu
Diz para mim que estás curado
Que já consegues enfrentar
Essa gente mal formada
Diz para mim que teu caráter
Continua altivo, atento e forte
Que não serás mais um que se vendeu
Não queiras o preço da morte
Nem dará esmolas para aplacar tua consciência 


Vai diz pra mim que teu nome ainda soa forte
Que ainda acreditas nas velhas utopias
O escorregar inconsciente foi a fraqueza
De apenas desejar continuar a ser feliz

Vai diz para mim
Que suportarás essa dor
De perder, de deixar, de abandonar
Esse vazio

Por que essa dúvida?
Por que esse desconsolo?
Se tu sabias que não irias transformar nada
No máximo será possível assistir o germe rebentar
Não há fracasso nisso

Engole tua vaidade, teu egoísmo
Libera endorfina e segue tua vida
Não se deixe adoecer nesse mórbido horizonte
Supera essa noite mais
Esquece esse medo de perder
Esquece o dia do entardecer.


Do meu amigo Lauro Xavier Neto. Poeta paraibano cujas interrogações e exclamações nada sutis da vida o motiva a revelar, a cada dia, por entre versos, a denúncia de seu ser..

21 de julho de 2010

Eu..me basto!

Ainda hoje estava a discutir a “autossuficiência”, a filosofia de vida, por assim dizer, de quem se considera inteiro, ainda que só.
Por que devemos ter alguém, sempre, ao lado para “preencher” o vazio de uma companhia?
Ao descuidado leitor que pára nesta frase última, um questionamento irônico logo se faz:- quão decepcionado com a vida, quão mal-amado é esse dito cujo que “ousa” tecer tal comentário..
Mas, verdade seja expressa: por mais que o carinho, o prazer do aconchego, a troca de experiências e o prazer das (re)descobertas sejam de inigualável prazer, a falta de tais descritores não impedem que a busca da beleza para agradar a si, do sucesso profissional por seus próprios méritos e esforços, e de enfim, conhecer seus limites, seus objetivos, suas angústias, seus "quereres", sem "entraves", é de semelhante prazer, valor e beleza.
Conhecer a si é de uma aventura indescritível. E só estando só para sentir tal gostinho.
Um brinde à solitude e ao autoconhecimento!

Deixo-vos à degustaçao do belíssimo Quintana:

     Aprendi..
     Quando depositamos muita confiança ou expectativas em uma pessoa, o risco de se decepcionar é grande.
     As pessoas não estão neste mundo para satisfazer as nossas expectativas, assim como não estamos aqui, para satisfazer as delas.
    Temos que nos bastar... nos bastar sempre, e quando procuramos estar com alguém, temos que nos conscientizar de que estamos juntos porque gostamos, porque queremos e nos sentimos bem, nunca por precisar de alguém.
    As pessoas não se precisam, elas se completam...
Não por serem metades, mas por serem inteiras, dispostas a dividir objetivos comuns, alegrias e vida."

(Mario Quintana)

20 de julho de 2010

Simplesmente..Chega de análises!!!

Chega de Análises! De mim. De ti. De todos..
Sintamos o prazer da emoção de cada minuto, apenas... 
Vivamos assim um amanhecer, de cada vez.. A cada dia
Conhecendo... Conversando.. Permitindo (ou não) que se entre em sintonia..
Embora com as determinações e desconfianças embutidas pela maturidade
Vivamos sim, com maiores sentidos e menores análises...
Quintana o explica melhor..


"Por favor, não me analise
Não fique procurando cada ponto fraco meu.
Se ninguém resiste a uma análise profunda, Quanto mais eu... 


Ciumento, exigente, inseguro, carente
Todo cheio de marcas que a vida deixou
Vejo em cada grito de exigência

Um pedido de carência, um pedido de amor. 

Amor é síntese
É uma integração de dados
Não há que tirar nem pôr


Não me corte em fatias
Ninguém consegue abraçar um pedaço
Me envolva todo em seus braços
E eu serei o perfeito amor." 


Mário Quintana

4 de julho de 2010

Querido Passado...

    Agarrei-me a ti o mais que pude
numa tentativa desesperada de colocar reticências na minha vida, em vez de um grande ponto final
   Reli todas as frases dessa história fascinante que insistias em manter inigualável; Decorei os traços das letras que continham o peso dos momentos menos bons, a lucidez de cada sorriso, até mesmo os parágrafos que descreviam longos passeios de mãos dadas. Relembrei todas as velhas memórias que me sussurravas todas as noites ao ouvido;
      Chorei quando me gritaste, de forma estridente, que nunca conseguiria libertar-me de ti; Desesperei quando insinuaste que não seria capaz de voltar a amar, senti-me desamparada sempre que me obrigaste a elevar as minhas defesas ao máximo, evitando assim, em todos os momentos, uma possível aproximação de quem quer que fosse; Cedi muitas das vezes aos teus caprichos e mantive-me isolada, silenciada, sofrida, chorosa, perdida…
          Por ti, quase desisti dos meus sonhos; os meus passos tornaram-se lentos, e os pés, pesados, já pouco levantavam do chão; quase me fizeste acreditar que não conseguia dar os meus próprios passos sem estar presa ao falso equilíbrio que me transmitias através das linhas grossas da apatia.
        Por ti, dispensei a companhia das pessoas que durante uma vida inteira me mostraram como sorrir de forma completa e sincera...
        Enganaste-me!! Fizeste-me acreditar que caminhar de mãos dadas contigo seria sinónimo de cicatrização de todas as feridas que a ausência dele deixou na minha alma… fizeste-me acreditar que adormecer com as tuas histórias de embalar poderiam livrar-me das insónias, quando no fundo, afastavam apenas e cada vez mais, de mim a serenidade de que eu tanto precisava para diminuir um pouco a intensidade da minha dor…
      Agarraste-me pelo braço, apertaste-o e fizeste-me caminhar descalça, por cima de brasas quase intermináveis… as dores eram insuportáveis …eu chorei, implorei, mas ainda assim não me largaste, e apesar das inúmeras tentativas, não permitiste que eu me libertasse das tuas garras transparentes com a pouca força que me restava… já não tenho noção do tempo, ou de quantas vezes o fizeste, mas, recordo-me que nesses momentos, agarrada à pouca lucidez que ainda havia em mim, pedia incessantemente à esperança que voltasse a habitar o meu coração, que me salvasse daquela tortura insuportável… e ela, nos escassos momentos em que me deixavas esquecida na imensa escuridão daquele calabouço, apareceu, sob a forma de um abraço apertadinho, de mãos suaves que acariciavam o meu rosto cansado… e ficava ali comigo, com visitas cada vez mais demoradas. Até que houve um dia em que ela não precisou de ir embora, porque tu não regressaste. Porque eu não permiti que tu regressasses...
      Provocaste, em mim, uma dor superior á dor da minha perda... sim eu sei, culpa minha. Confiei cegamente em tiseduziste-me com esse teu charme fácil, de quem tem a magia de permitir que outros continuem o resto das suas vidas a reviver determinados momentos uma e outra e outra e outra vez. Pois bem, revivi o quanto baste, durante o tempo mais do que suficiente para guardar apenas as coisas que me fizeram crescer em muitos aspectos. ..
       Ensinaste-me a maior lição da minha vida, mas não vou agradecer-te, porque essa foi adquirida apenas às  minhas custas e só eu sei o quanto doeu sabe-las e vivê-las, da forma como agora sei…
       Quero que saibas que assim que sair por aquela porta, vou respirar fundo, vou fechar os olhos e voltar a encher os pulmões de ar, talvez, quem sabe, para levar a todas as esquinas do meu interior um pouco da paz de espírito que sei que vou sentir…

       Saio hoje daqui com uma única certeza: Nunca mais vivo em tua função, nunca mais vivo em função do passado. Nem sequer uma espreitadela inocente, nada! Todas as lições que me deste estão agora guardadas num cantinho da minha alma e é lá que regresso sempre que precisar, porque a ti, ou a esta tua casa traiçoeira NUNCA MAIS! Mesmo!


P.s: Deixo todas as minhas velhas memórias aqui, não quero mais o peso dessas bagagens de areia a atrasar os meus passos. Saio apenas com a leveza, o sorriso e a serenidade de quem sente novamente o seu coração bater em corpo alheio… são tantos os sonhos que me esperam… tenho pressa de viver… vou correr sem olhar para trás…!

Até nunca mais. 
Christiana Franco

3 de julho de 2010

That simply wasn't good enough To make us proud


I'm in no hurry; I could wait forever
I'm in no rush cause I like being solo
There are no worries and certainly no pressure
In the meantime I'll live like there's no tomorrow
                                                                         Alanis

(Eu não estou com pressa, eu poderia esperar para sempre/
Eu não estou com pressa porque gosto de estar sozinha
Não há preocupações e certamente não há pressão/
Enquanto isso, viverei como se não houvesse amanhã)