30 de agosto de 2010

Canção do dia de sempre

Tão bom viver dia a dia...
           A vida assim, jamais cansa...
Viver tão só de momentos
          Como estas nuvens no céu...
E só ganhar, toda a vida,
          Inexperiência... esperança...
E a rosa louca dos ventos
         Presa à copa do chapéu.

Nunca dês um nome a um rio:
       Sempre é outro rio a passar.
Nada jamais continua,
      Tudo vai recomeçar!
E sem nenhuma lembrança
      Das outras vezes perdidas,
Atiro a rosa do sonho
     Nas tuas mãos distraídas...                                  Mario Quintana

Não, não. Este poema não se encontra no blog errado. Quintana se faz belo, mas também irônico. 
Tal qual Vinicius, cujas obras são declaradas por amantes apaixonados que de tão apaixonados se esquecem sequer de analisar o que recita
 "Amo-te como um bicho,simplesmente/ De um amor sem mistério e sem virtudes " pense numa declaracão...
  "Eu possa me dizer do amor (que tive)/ Mas que seja infinito enquanto dure." Esse é batata... antecipa o fim 2 vezes numa mesma estrofe.

Quintana também o é, digamos, delicado aos recitais
"Se tu me amas, ama-me baixinho/ Deixa em paz os passarinhos" 
Lindo, não?
Leia o resto: 
 "Deixa em paz a mim!"  "que a vida é breve, e o amor mais breve ainda..."
Lindo, ainda?

Se for pra ser real, e ainda significativo, não gaste muito da memória - corre-se o risco de tropeçar e encontrar um poste à frente. Sê-de, pois, sincero, sem deixar o romantismo de lado, como "A Oferenda":
                          "Eu queria trazer-te uns versos muito lindos...
                                 Trago-te estas mãos vazias
                                 Que vão tomando a forma do teu seio."        Simples e direto. E lindo..



Voltando ao poema inspirador, faz-se estranho esta vida de "atirar às mãos destraídas" os sonhos, os dias..a si próprio, pra "ver no que vai dar", como age o homem, a humanidade (porém dando considerável maior contribuição o sexo masculino).
É estranha essa vida de laboratório..
"A vida assim, jamais cansa..." Cansa, querido Quintana. Cansa..
...

Um comentário:

Débora Rodrigues disse...

Ah Michele, me desculpe... mas nao posso ver tu falar de Quinatana assim e não dizer nada.

Assim amor, o bom desses versos dele é exatamente o realismo. Romantismo é massa, é bunitinho, mas a vida real nao é bem assim. (O maluco vem todo romantico, te faz versos, declarações públicas, depois, do nada, fode com o cara) Entende?

Sei q vc sabe disso!
Esse desabafo aí deve ter sido só uma TPMzinha amor, vai passar viu?

Um xerão!
Te amo bem muitão