8 de novembro de 2010

No fim, todo passado transforma-se num simples "bom dia"

A poesia tem um quê de universal, já que sao os sentimentos assim o são - E por que não dar-lhes nova estampa: a estampa da repetição?
A disciplina militar impôs-me um pensar um sentir um andar um ser solitário..
Esse ser que rir das piadas mais tolas entre uma e outra lagrima disfarçada num brilho diferente do olhar, um olhar marejado de saudades  
Quem caminha sobre a lógica e as incertezas da guerra a que chamamos vida; por isso a guerra nunca deixa que aquela moça aquelas saias  aquele sorriso pueril aquela maquiagem vermelha nunca deixe que ela se torne por completo paisana.
O sofrimento há, quando necessario. Ao sofrimento, tempo.
A vida, a busca a luta se fazem diarias.
A luta, solitária, se faz diaria.
   Michelle de Andrade

O sentimento expresso em poesia, escrito por Igor Zagoni e vivido pela universalidade dos sentimentos humanos

 "Mas há momentos sem linguagem
Entre o dormir e o acordar
De sublevação da imagem
Por onde foge
Esta rua este outono
Este são este doente
Este que sonha
    Que sonhar Que viver seja sempre recontar..

Mas então vivemos a emoçao de um possivel amor
Que antes e depois buscamos despedaçados
Mas basta este raro então
E essa feliz possibilidade de contar
Com a infelicidade de ao mesmo tempo
Limitar o contado

Que a vida que são vidas
O que agora contamos
Não seja sempre nossa vida
A disciplina militar impõe
Entre seus exercícios
O pensar solitário
Sobre a lógica e as incertezas da guerra
E nunca deixa que ele se torne
Por completo paisano
Mesmo sob uma árvore entre pássaros
Entre os meninos e os serviçais
A arma sempre ao alcance
O riso preciso que o álcool cevadado, que o vinho não altera

 Entre as pessoas que abrem sua corrente
Ela esqueceu as apostilas
O horário de aula..
E talvez tenha experimentado
A possibilidade
A doçura
Fechando a mão sobre o papel da bala
Sem que eu saiba a razão e os meios
A rosa o firmamento

Procurando você duas quadras ao lado
No seu José fabricante de doce de leite
Você sentado na varanda  
E está como estamos na calma desse quadro imóvel

Querido sinto imensamente meus descuidos
Meu velar doido
Que há a máquina do mundo emperrado em meu ombro
E eu não tive a sabedoria, apenas a calma

Não esqueço algo vela 
Por nossa insensatez e obriga que nos busquemos
Nessas mãos que não seguram
Nesse avoamento
Um oculto desejo de integridade

Sob o neón do abajur
Cintila seu olho vermelho
Viajando imóvel na noite
Tentando entender
Descobrir qual é e de quem é
A culpa

Entre o nariz e a boca
A lágrima fendida
Se ergue sobre territórios
Que ninguém percorrerá
Profundezas abismos
Névoas estradas interrompidas

Talvez seja mais simples
Você tem boas pernas
E gosta de conversar polidamente
Deixe passar o incomodo
Com uma água com açúcar
E não se esqueça de uma vez
De que as mães jamais têm razão

Mas me mantive firme com mão vazia
E outra vez pus o nome na lista
Dos que tentam a sorte
Perder é humano
E o dia um catálogo de impossibilidades
Embora tudo se compre venda e financie

Tantas canções de amor não esgotam o seu tempo
Mas elas nem tentam
Mesmo os corações são tão diversos
Cala-se um pouco fala-se um pouco 
Mente-se um pouco...
Canta-se

Saí
Fechei atrás de mim aquela porta
E de minhas mãos caídas uma flor morta
Ignorante da primavera que sorria

Na rua
Eu também estou tentando
Entender melhor minhas impressões
Desse espaço inquieto
Dessas janelas quase sempre fechadas
Essa metódica relação
Entre quem é cioso
De sua responsabilidade

Sempre há a incerteza
Mas o coração é sobremodo vulnerável à esperança
E quando seu amor se gasta
Tão fácil vem como se vai
E descendo bastante fundo
Encontramos amores não sabidos
Mas vividos

Não posso remediar
O que não houve entre nós
Não creio em ti
Não creio em mim
Não posso mentir
Palavras o vento leva
Trazendo a tempestade
Tolice fugir

Abrir guarda-chuvas
Esquecer a verdade
O passado não houve
O futuro não houve
Nosso agora é invenção
Dançamos a sós
Essa canção

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